Minicursos Manhã




CADERNO DE RESUMOS MINICURSOS SELET 2012


TURNO DA MANHÃ:
DIA 30/10/2012 (TERÇA- FEIRA) E DIA 31/10/2012 (QUARTA-FEIRA)


A CONSTRUÇÃO PERFORMÁTICA NOS POEMAS DE ANA CRISTINA CESAR

Katiuce Lopes Justino IBILCE/UNESP
Aguinaldo José Gonçalves (orientador) IBILCE/UNESP

Na poética de Ana Cristina Cesar, a utilização de discursos estereotipados e de paródias de gêneros textuais marcadamente femininos como a carta e o diário culminam numa bricolagem poética capaz de produzir efeito provocativo, exageradamente dramático e fatalmente autoirônico. Propõe-se, a partir de análises, uma possibilidade de leitura e reflexão da escrita de Ana C. à luz das teorias relacionadas à performance. Como fundamentação teórica, utilizaremos principalmente o estudo de Judith BUTLER (2009), denominado “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade”; os trabalhos de RAVETTI (2002), AZEVEDO (2004) e KLINGER (2007) a respeito da escrita performática e as discussões de COHEN (2009) sobre a linguagem da performance na arte em geral. O procedimento de análise busca averiguar, na poética de Ana Cristina Cesar como um todo, o efeito de teatralização de uma série de elementos tradicionalmente ligados à escritura feminina, como certas formas de composição, temas, entre outros. Inserindo-se nesse paradigma, a autora implementa em seus textos elementos de uma construção performática, que têm como chave de funcionamento a superexposição de um eu lírico feminino fragilizado, fragmentado, que parece estar “aos pés” de quem lê. Busca-se demonstrar, ao final da análise, as forças subversivas e teatrais desse “eu” e dessa poética que sabotam o lugar pleno, uno e estabelecido do leitor, por meio da ironia constante.

Palavras-chave: performance, Ana Cristina Cesar, feminino.


ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: LÍNGUA(GEM), IDENTIDADE E CULTURA

Dra. Cristiane Carvalho de Paula Brito (LEP/UFU)
Dra. Maria de Fátima Fonseca Guilherme (LEP/UFU)

Com este minicurso pretendemos refletir sobre o ensino de línguas estrangeiras, a partir das relações que perpassam as noções de língua(gem), identidade e cultura. O ensino da cultura de países falantes de línguas estrangeiras tem sido foco de pesquisas no escopo dos estudos realizados em Linguística Aplicada (LA). Entendendo essa área do conhecimento como inter/transdisciplinar, inscrevemo-nos teoricamente no lugar de entremeio da LA e dos estudos do discurso de base pecheutiana e de base bakhtiniana. Isso para que possamos problematizar acerca de questões como: (i) o que significa ensinar línguas estrangeiras para sujeitos-brasileiros?; (ii) como são abordadas as questões culturais no processo de ensino-aprendizagem dessas línguas?; (iii) como as identidades dos sujeitos são constituídas na relação ensino e cultura? Primeiramente, trabalharemos noções teóricas como sujeito, língua, ensino-aprendizagem, cultura e identidade. Posteriormente, mobilizando tais noções, será nosso intuito analisar e interpretar práticas pedagógicas e materiais didáticos para que possamos tentar dar conta dos questionamentos aventados. Esperamos que as reflexões aqui propostas possam contribuir para a formação permanente de professores que entendem o ensino de línguas como um processo de (trans)formação, ou seja, como uma prática pedagógica atravessada, sobremaneira, por práticas sócio-histórico-políticas.

Palavras-chave: Linguística Aplicada; Análise do Discurso; Ensino de Línguas.


ENTREMEIO SEM BABADO: LITERATURA E EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS   NOS ANOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Luciane Ribeiro Dias Gonçalves (FACIP/UFU)
Elaine Oliveira (FACIP/UFU)
Eliane Ribeiro Dias Batista (PMU)

A formação docente tem sofrido nas últimas décadas várias interferências teóricas que procuram vislumbrar a melhor forma de que a atuação docente possa provocar mudanças na sociedade.  Entendendo assim, a prática formativa como possibilidade para colocar os/as educadores/as como protagonistas concretos desse processo. Os modelos tradicionais deformação, em particular aqueles que definiram formas peculiares de como se pensar professor tempos atrás, hoje parece não mais conseguirem abarcar a multiplicidade de facetas que envolvem as relações no contexto escolar, entre elas as relações étnico-raciais. Questões relacionadas à discriminação racial e educação, tanto no âmbito da pesquisa quanto na prática docente, têm sido objeto de um número crescente de publicações e estudos, favorecendo a abertura de espaços para discussões e busca de alternativas para minimizar a discriminação racial e o preconceito nas nossas escolas. A proposta desta oficina é por meio da literatura, utilizando o Livro Entremeio sem babado, discutir a identidade étnico-racial, a estética negra e as tradições afro-brasileiras. As atividades serão focadas nas séries iniciais da Educação Básica na perspectiva do trabalho interdisciplinar.

Palavras-chave: Literatura, Educação das relações étnico-raciais, interdisciplinaridade.
             

ESTRATÉGIAS PARA A INTERPRETAÇÃO E TRADUÇÃO DE TEXTOS

Profª Drª Sandra Aparecida Faria de Almeida (UFU/ILEEL/Curso de Tradução)

O presente minicurso visa a abordar as estratégias que auxiliam os leitores e tradutores de língua estrangeira a processar a leitura de textos em outra língua, com vistas à interpretação e também à tradução, utilizando-se de estratégias linguísticas e extralinguísticas que possam conscientizá-los das ferramentas cognitivas e metacognitivas de que dispõem para atingir esse objetivo. Com base na exploração de conhecimentos de diferentes tipos, seja textual, enciclopédico ou léxico-sistêmico, o curso buscar desenvolver essas estratégias e levar os alunos a se conscientizarem dos instrumentos de que podem lançar mão nos processos de leitura e tradução de textos. Para tal,   busca realizar atividades que explorem o reconhecimento de diferentes tipos e gêneros textuais, mecanismos de coesão e coerência, mecanismos de referenciação, processos metafóricos e metonímicos, variedades linguísticas e modelos socioculturais, demonstrando como a produção de textos envolve aspectos de ordem linguística e extralinguística, passíveis de serem interpretados através da leitura e tradução. O curso atende a graduandos em Letras e Tradução que visam expandir seus conhecimentos nas respectivas áreas de formação e futura atuação, a graduandos de outras áreas de conhecimento, que precisam fazer uso constante de textos em língua estrangeira, tanto nas fases acadêmica quanto pós-acadêmica, e à comunidade de forma geral, que pode usufruir desses conhecimentos para melhor desfrutar de suas leituras. É necessário, como pré-requisito, que os participantes tenham um certo grau de conhecimento da língua inglesa para que o curso possa atingir seus objetivos.

Palavras – chave: Letras, Linguística, Tradução/Inglês.


FERRAMENTAS DA WEB 2.0: POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS PARA AULAS DE LÍNGUAS

Valeska Virgínia Soares Souza (ILEEL, CEAD e PPGEL – UFU)
Co-proponentes: alunos da pós-graduação, a serem confirmados.
Observações: Minicurso prático a ser realizado no LABGRAD.

Segundo Van Lier (2003), devido à mudança rápida e constante do papel da tecnologia na educação, é necessário que haja uma atenção especial dos pesquisadores dessa área para minimizar as lacunas digitais. A mudança tem sido tão rápida que se considera que após a implantação da Web, ela pode ser melhor considerada em diferentes fases que são denominadas gerações. Desde 2004, uma nova geração de serviços e aplicações para a Internet entra em cena. A denominada Web 2.0 (O’REILLY, 2005) é vista como uma rede social, que permite aos usuários ao redor do mundo se comunicarem, trocarem informações, arquivos de vídeos, imagens e sons. O’Reilly (2005) sublinha o fato de que Web 2.0 não se trata de algo novo, mas sim uma utilização da plataforma da Web e todo o seu potencial em uma perspectiva filosófica de criação e socialização de conteúdo e de conhecimento. Neste minicurso, com base no “aprender fazendo”, exploraremos diferentes ferramentas possibilitadas pela Web 2.0 e refletiremos sobre sua aplicabilidade para o processo de ensino e aprendizagem de línguas.

Palavras-chave: Linguística Aplicada – Linguagem e tecnologia


IMAGENS: UMA FERRAMENTA CRIATIVA PARA A EXPRESSÃO ORAL EM AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Prof. Naiara Alves Duarte (UFU)

Esse minicurso tem como objetivo mostrar aos futuros professores de línguas estrangeiras a importância de se trabalhar com imagens na sala de aula para favorecer o trabalho das quatro habilidades, mas principalmente a expressão oral. Em um curso de língua estrangeira, por diversas razões, os professores tem dificuldade de fazer com que os estudantes se expressem na língua-alvo. Esses estudantes sentem dificuldades em compartilhar uma opinião, em falar de si mesmo e de suas vidas, seja pela falta de vocabulário, pela falta de oportunidades de se expressar em sala de aula ou porque eles não são motivados o suficiente para aprender essa língua, o que pode desencorajá-los a continuar seus estudos. Trabalhar com imagens em um curso de língua estrangeira pode ser uma ferramenta criativa e motivadora para que os alunos se expressem de uma maneira mais natural. Primeiramente, o minicurso se desenvolverá a partir de uma explicação teórica sobre quatro pontos do trabalho com imagens: por que utilizar esse tipo de suporte, como selecionar as imagens para o trabalho; como trabalhar com as imagens e os tipos de atividades que podem ser desenvolvidas segundo o objetivo linguístico. Em seguida, na parte prática do minicurso, realizaremos atividades para mostrar como se dá o trabalho com imagens. Os participantes assumirão em um primeiro momento o papel de público e depois poderão aplicar na prática o que foi aprendido durante o minicurso.

Palavras – chave: Linguística, Linguística Aplicada, Ensino-Aprendizagem de Línguas Estrangeiras.


INSERÇÃO DE ATIVIDADES DE TRADUÇÃO NA SALA DE AULA DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Marileide Dias Esqueda (ILEEL/UFU/CURSO DE TRADUÇÃO)
Silvana Maria de Jesus (ILEEL/UFU/CURSO DE TRADUÇÃO)

Este minicurso visa oferecer aos participantes a oportunidade de refletir sobre a inserção da tradução como ferramenta didática na sala de aula de línguas estrangeiras (LE), especialmente por meio de contextos comunicativos   relevantes que propiciem níveis diferentes de aquisição de línguas estrangeiras, monitoramento e avaliação constante da elaboração e aplicação de exercícios de tradução. Parte-se do pressuposto de que, longe de ser uma atividade artificial, perfeita e viciada em um processo literal, a tradução mostra as diferenças entre as línguas, revela distintas noções culturais e   discursivas dos falantes e evidencia como várias traduções podem ser dadas a um mesmo texto. (MALMKJAER, 1998; LIAO, 2006) Não se trata de propagar a utilização aleatória de língua materna na sala de aula de línguas estrangeiras, mas, como explica Figueiredo (2007), de refletir como a tradução pode ser utilizada como um método pedagógico auxiliar. O minicurso compreenderá duas etapas: a primeira contemplará, de forma sucinta, as contribuições teóricas que auxiliam na compreensão das relações existentes entre tradução e ensino de línguas; na segunda etapa serão desenvolvidas, de forma prática, atividades de tradução para possível aplicação na aula de inglês/espanhol como língua estrangeira. Pretende-se desenvolver as seguintes atividades: a) tradução para produção de legendas de trechos de filmes; b) tradução de histórias em quadrinhos; c) tradução de textos jornalísticos; e d) tradução de internetês, com o intuito de estabelecer as vantagens do uso de atividades autênticas de tradução na sala de aula de LE que, segundo Esqueda et.al. (2011), se mostram motivadores na aquisição de uma nova língua.

Palavras-chave: Tradução e ensino de línguas


INTRODUÇÃO À FONOLOGIA: OS PROCESSOS FONOLÓGICOS E O SISTEMA VOCÁLICO

Prof. Dr. José Sueli de Magalhães (ILEEL- UFU)
Carolina Medeiros Coelho (PPGEL-UFU)
Fernanda Alvarenga Rezende (PPGEL-UFU)

Apesar de a fonética e a fonologia constituírem uma disciplina da grade curricular de boa parte dos cursos de Letras, sabemos que ainda há dificuldades em compreender os processos fonológicos que se realizam constantemente tanto na linguagem oral quanto na escrita. Assim, tendo em vista a importância dos estudos fonológicos de uma língua, a proposta deste minicurso é, principalmente, refletir sobre alguns conceitos frequentemente encontrados em pesquisas realizadas no âmbito da Fonologia, tais como: fonema, fone, neutralização, harmonia vocálica, alçamento e abaixamento. Trataremos de questões teóricas acerca desses processos fonológicos que ocorrem no Português Brasileiro, especificamente com as vogais, e, como atividade prática, apresentaremos dados reais de fala em que alguns desses processos poderão ser identificados. Essa atividade tem como fim mostrar que os processos fonológicos são comuns e bastante recorrentes, embora os falantes não tenham consciência disso. Portanto, para exemplificar cada um desses processos, partiremos de dados que compõem um dos estudos que vêm sendo realizados sobre o sistema vocálico pretônico do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Esses estudos comprovam que as sete vogais – /a, ɛ, e, i, ɔ, o, u/ – do Português Brasileiro podem ser alvo e gatilho de muitos processos fonológicos, alguns dos quais abordaremos neste minicurso.

Palavras – chave: Linguística, Fonologia.


LETRAS QUE SE MOVEM, DISCURSOS QUE SE MOVEM: RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS E ENSINO

Janaína Jácome dos Santos (PARFOR/UFU- IESP)
Maria Cecília de Lima (UFU)

Em diversos âmbitos, a discussão sobre as relações étnico raciais e política públicas voltadas para a população negra tem sido intensa. Isso por vezes se deve ao desconhecimento, em especial, da história do negro no Brasil. Isso   leva muitas pessoas a entenderem, em função do mito da democracia racial, cunhado pelas teorias europeias e divulgado por Gilberto Freire, em casa Grande e Senzala, que essa discussão é desnecessária. Em função dessa situação controversa, nesse minicurso, temos como objetivo apresentar um outro discurso sobre a história do negro no Brasil para, por meio de raciocínio pautado em pressupostos críticos, chegarmos os a possíveis conclusões sobre políticas públicas (FONSECA, 2009) voltadas para as relações étnico raciais que, por meio das leis 10.639/03 e 11.645/08 têm influência direta em diversas disciplinas, em especial, nas aulas de Língua Portuguesa e de Literatura. Com isso, entendemos que estaremos colaborando com a formação do professor terá de lidar com essa temática em sua vida profissional.

Palavras – chave: História, educação, língua portuguesa, literatura, ensino.
  

O ESCRITOR CONTEMPORÂNEO E O CONTEMPORÂNEO DO ESCRITOR

Prof. Dr. João Carlos Biella (UFU)
Ma. Franciele Queiroz da Silva (UFU)
Fernanda de Paula Vasconcelos (Mestranda/ UERJ)

Pensar a prosa ficcional contemporânea, principalmente a partir dos anos 90, propõe-nos o desafio de tatear possíveis valorações e deslocamentos de critérios literários para uma análise crítica do “hoje”. O escritor como figura midiática está, na cena contemporânea, localizado em um espaço de embates com a sua própria condição de existência. O “super prestígio” da figura autoral em uma época que hipervaloriza os recursos midiáticos e, logo, favorece a consolidação da imagem do escritor, o leva para o centro de perspectivas de leitura e da própria ficção. O presente minicurso terá como objetivo explorar o contexto contemporâneo e a apropriação de algumas estratégias literárias relacionadas com a “emergência” do autor, a construção de sua imagem, no atual cenário literário.

Palavras – chave: Literatura Brasileira, Literatura contemporânea.


O REALISMO MÁGICO: UMA CONCEITUAÇÃO A PARTIR DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (orientador) (ILEEL/UFU)
Mestranda Danúbia Ferreira Alves (PPGLET/UFU)

O presente minicurso tem como principal objetivo promover a reflexão dos estudantes do curso de Letras e áreas afins em torno do conceito literário de Realismo Mágico que desde meados da década de 1920 vem sendo usado para designar a literatura de parte dos escritores da América Latina. Pretende, ainda, contribuir para o enriquecimento do debate sobre as formas de representação da realidade no contexto latino-americano, passando por aspectos essenciais em torno desse conceito a partir de alguns dos principais estudiosos do tema como Antonio R. Esteves e Eurídice Figueiredo (2010) e Irlemar Chiampi (1980). Além disso, esse trabalho objetiva também repensar a associação do Realismo Mágico á escrita do escritor colombiano Gabriel García Márquez e sua obra representativa Cem anos de solidão (1967).  Para cumprir tais metas o minicurso em sua primeira etapa contará com a discussão sobre algumas vertentes teóricas do Realismo Mágico, em seguida proporcionará uma breve análise da obra Cem anos de solidão (1967) por meio de alguns fragmentos e o último momento consistirá em uma parte prática na qual os participantes realizarão a leitura de alguns contos de Gabriel García Márquez e realizarão a análise e discussão sobre os mesmos.

Palavras – chave: Gabriel García Márquez, realismo mágico.



O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS

José Sueli de Magalhães (UFU)
Keli Maria de Souza Costa Silva (UFU)

Um dos maiores problemas quando falamos em educação de surdos é proveniente do processo ensino-aprendizagem da língua portuguesa para esses sujeitos. Esta língua deve ser considerada como segunda língua para o surdo já que, possuindo um canal oral-auditivo, só pode ser aprendida de forma não-natural, através de um “esforço sistemático, formal e regular”. (SÁ, 1999:178) O que notamos é que o ensino do português para os surdos tem sido realizado até hoje da mesma forma que o é para os ouvintes levando a um constante fracasso no processo. É claro que a linguagem oral exerce um papel fundamental na aquisição da escrita. “A linguagem oral será num primeiro momento, o elo de ligação entre determinado dado da realidade e sua representação através da escrita.” (FERNANDES 1999:65). Contudo em certo momento, como explicita Lacerda (apud FERNANDES 1999:.66) a primeira se dissocia da segunda e a linguagem escrita ganha autonomia como um sistema simbólico de primeira ordem, autônomo, podendo operar por si mesmo. É preciso que o ensino de português para o surdo seja encarado sob um outro ponto de vista com a utilização de estratégias de ensino de segunda língua e considerando que, enquanto com os ouvintes se é trabalhado todas as habilidades da língua – ler, escrever, ouvir e falar – com os surdos devemos priorizar apenas duas: a leitura e a escrita. Mais do que saber ler e escrever é preciso entender o que se lê e articular o que se escreve. Não basta apenas decodificar e produzir signos gráficos, é preciso interpreta-los, ler as “entrelinhas”, compreender o texto além do texto. Acreditamos, juntamente com Rinaldi (1997), que os primeiros passos a serem dados no processo de aprendizado da leitura e escrita do português pelos surdos devem ser dados em conjunto pelo aluno e pelo professor. O aluno deve tomar consciência da existência e importância de aprender a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita e perceber as diferenças entre esta língua e a Libras (Língua de Sinais Brasileira). Já o professor deve conscientizar-se que é fundamental que o aluno tenha linguagem interior e receptiva antes de adquirir condições de ter linguagem expressiva (seja oral, escrita ou de sinais); deve entender também que o aluno é perfeitamente capaz de compreender o processo de análise e síntese mesmo que não consiga emitir fonemas, ou palavras e, por fim, deve aceitar que a fala não é pré-requisito para a alfabetização.

Palavras – chave: Linguística Aplicada, libras.
           

REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE ANÁLISE DO DISCURSO DE LINHA FRANCESA: DISCURSO, SUJEITO E SUBJETIVIDADE

Glaucia Mirian Silva Vaz (PPGEL/LEDIF/UFU)
Karina Luiza de Freitas Assunção (PPGEL/LEDIF/UFU)

Pensando em um momento introdutório, nosso minicurso parte de conceitos basilares e essenciais da Análise do Discurso de linha francesa, que considera o sujeito descentrado, clivado, heterogêneo, apreendido em um espaço coletivo que não é constituído em uma individualidade e, sim, a partir de uma coletividade que o subjetiva. Desta feita, propomos tracejar, deste lugar teorico-metodológico, como o sujeito não é idealizado, nem individualizado, nem fonte absoluta de seus dizeres, de forma que não o reconhecemos por meio dos elementos gramaticais. Sua fala se constitui por um conjunto de vozes sociais, bem como do entrecruzamento de diferentes discursos que remetem para o lugar sociocultural e histórico no qual está inserido. Ele tem a ilusão de que possui o domínio sobre seus dizeres, mas isso não passa realmente de uma ilusão, pois quem determina o que pode e vai ser dito é o lugar sócio histórico no qual o sujeito está inserido. Demonstraremos, além disso, como o discurso implica uma exterioridade à língua, pois as palavras, ao serem pronunciadas, carregam em si aspectos que remetem para o lugar social e histórico no qual o sujeito está inscrito. Sendo assim, os discursos estão sempre em movências, pois sofrem a todo o momento alterações decorrentes das mudanças históricas e das transformações sociais. E, no intuito de enriquecer/alargar as reflexões que propomos levantar, nos pautaremos, ainda, nos estudos realizados por Michel Foucault, que tratam da constituição dos sujeitos e como as relações de poder/saber corroboram para a mesma. Com o objetivo de exemplificar o funcionamento discursivo e de complementar a compreensão desse aporte teórico, faremos algumas análises de fragmentos literários e de outras materialidades discursivas.

Palavras-chave: Linguística, Análise do Discurso.


SIGNIFICADOS ASPECTUAIS

Dra. Dieysa Kanyela Fossile (UFT/Programa de Pós-Graduação em Ensino de Língua e Literatura)

Neste minicurso serão realizadas discussões sobre as noções aspectuais voltadas à Língua Portuguesa do Brasil e à Língua Alemã, com base em Barroso, 2006; Bechara, 2005; Buscha e Helbig, 1993; Castilho, 1968, 2010; Coan, 2003; Comrie, 1976; Costa, 1997; Corôa, 2005; Eisenberg, 2006a, 2006b; Fossile, 2009; Freitag, 2007; Götze e Hess-Lüttich, 1989; Ilari, 2001; Oliveira, 2001; Perini, 2004, 2010; Reichenbach, 1960 [1947]; Rodrigues, 2009; Santos, 2008; Travaglia, 1994; entre outros. Há uma série de terminologias que são utilizadas para identificar os significados aspectuais que são expressos tanto na Língua Portuguesa do Brasil quanto na Língua Alemã, tais como: (a) aspecto perfectivo; (b) aspecto imperfectivo; (c) aspecto durativo; (d) aspecto indeterminado; (e) aspecto iterativo; (f) aspecto habitual; (g) aspecto pontual; (h) aspecto não começado; (i) aspecto não-acabado ou começado; (j) aspecto acabado; (l) aspecto inceptivo; (m) aspecto cursivo e (n) aspecto terminativo. Desse modo, neste minicurso, inicialmente, discutir-se-á sobre as dicotomias (a) Tempo vs. Aspecto e (b) Aspecto vs. Aktionsart. Em seguida, apresentar-se-á o quadro aspectual atual existente, pois tenciona-se mostrar como o aspecto é entendido e discutido pelos estudiosos que investigam este assunto. E, por fim, será proposta uma classificação aspectual mais sistemática, tomar-se-á por base o quadro aspectual atual existente e a dicotomia aspecto perfectivo vs. aspecto imperfectivo.

Palavras – chave: Linguística, Teoria e análise linguística.


AVALIAÇÕES – O PROCESSO E O PRODUTO DA “AÇÃO-REFLEXÃO”.

Lívia Letícia Zanier Gomes (UFU/IFTM)
Thamiris Abrão Borralho (UFU)
Profª Orientadora Maria Inês Vasconcelos Felice

É intrínseca ao ser humano a capacidade de avaliar. Em sala de aula, é crucial seu papel como geradora de ação-reflexão. Porém, a avaliação que tem sido praticada em aulas de Línguas pouco tem sido o papel da “ação-reflexão”. Destarte, justifica-se esta oficina cujo objetivo é propiciar reflexões acerca da temática Avaliação. Como temos avaliado nossos alunos? Qual deve ser o foco da avaliação? Que tipos de avaliações podemos fazer? Quais devem ser as características de uma avaliação capaz de propiciar uma reflexão e mudanças de rumo? Como suporte teórico, teremos: Gadotti (1984), Vasconcelos (2006), Luckesi (2004), Medeiros (1975), Vianna (1982), Freitas (2002) embasando a reflexão sobre as possibilidades da avaliação; Travaglia (2006) embasando a necessidade da interação pela linguagem; Freitas & Silva (2011) e Moita Lopes (2006) no que diz respeito à Linguística Aplicada (LA) ajudando-nos a fazer a necessária relação entre Avaliação e LA, além dos documentos norteadores da educação como os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000) e a Lei de Diretrizes e Bases (1996). A oficina possuirá parte teórica visando sustentar a posterior e desejada reflexão frente ao ato avaliativo e às possibilidades avaliativas no espaço educativo e possuirá parte prática na qual serão realizados momentos produção de grades de correção e critérios de avaliação, além de momento para reflexão e debate e será ministrada em um período de quatro horas.

Palavras-chave: Avaliação; Linguística Aplicada; Grades Avaliativas.


FERDINAND DE SAUSSURE: ENTRE LENDAS E TRADUÇÕES

Eliane Mara Silveira (UFU)
Stefania Montes Henriques (UFU)
Thayanne Raísa Lima (UFU)


O objetivo do minicurso "Ferdinand de Saussure: Entre lendas e traduções" é proporcionar ao participante a possibilidade de um encontro com o desconhecido Saussure pesquisador das lendas germânicas e o famoso Saussure do 'Curso de Linguística Geral'(CLG), mas, nesse caso, pelo viés das suas traduções. A proposta do minicurso é, portanto, apresentar aspectos inusitados da tão conhecida produção saussuriana bem como os efeitos que eles têm no desenvolvimento da Linguística. Esses aspectos têm em comum a sua contemporaneidade, trata-se de estudos realizados por Saussure na primeira década do século XX: as pesquisas sobre as lendas germânicas e a produção teórica que deu origem ao CLG. No cenário intelectual mundial o primeiro estudo conheceu apenas a margem e o segundo erigiu-se como ciência. Assim, nos propomos a apresentar a contribuição do inusitado trabalho de Saussure às suas famosas teorias bem como desvendar os problemas de tradução dessas na versão em língua inglesa do Curso de Linguística Geral.

Palavras-chave: Linguística; Teoria e Análise Linguística.


CABER|NÃO CABER EM SI: MOVIMENTOS DO CORPO E DO SUJEITO EM ARNALDO ANTUNES

Antônio Fernandes Júnior (UFG/CAC)

Este trabalho propõe mobilizar conceitos da Análise do Discurso propostos a partir de Michel Foucault para a análise da construção da subjetividade na produção poética de Arnaldo Antunes. Objetiva-se, primeiramente, discutir a pertinência teórico-metodológica da articulação entre Análise do Discurso e Teoria Literária para, em seguida, proceder a leitura dos textos selecionados. Nesse sentido, a Literatura será aqui concebida como uma prática discursiva, atravessada pela história, por um domínio de memória e constituída por uma rede de regularidades e dispersões, tal como pontua o filósofo supracitado em Arqueologia do Saber. Assim, os conceitos de sujeito e subjetividade serão mobilizados como aporte teórico para leitura dos textos de Antunes que tenham o corpo, a identidade e a sexualidade como tema. Mais precisamente, textos em que o corpo é atravessado por experiências que deslocam o sujeito e o próprio corpo para outros territórios e práticas de subjetivação. Os poemas e canções do poeta instauram diferentes possibilidades de apreensão da natureza indefinida da subjetividade, em constante construção. Com isso, queremos perceber como o corpo e o sujeito são construídos na produção poética de Antunes.